Este blogue caminha
para completar oito anos no ar. Seria uma bela marca, fosse ele um
blogue de verdade; antes, se não se tivesse erigido num quase verdadeiro anti-blogue - o que em nenhum momento foi intenção, mas
eu gosto da expressão, que se não me engano é do Zé Sérgio Rocha.
Nos blogues de verdade,
como é prática absolutamente corriqueira em qualquer meio de
comunicação hoje em dia, a “audiência” é monitorada
sistematicamente. O prestígio dos “blogueiros” ( e "tuiteiros" e outros "eiros" que não se precisa relacionar), verdadeiros
arautos do mundo hiper-conectado, varia diretamente em função do
número de acessos registrado; conseqüentemene, os convites que
recebem etc. Lembro-me do caso – mas não me lembro exatamente onde
foi – de gente que, quando os acessos caíam, metia lá em alguma
parte, para inflar artificialmente os índices, uma expressão de
busca dessas campeãs do Google , normalmente relativa aos fetiches
sexuais mais bizarros (são engraçadíssimas, só não reproduzo
porque a coisa funciona mesmo e tarados por aqui bastam os de
sempre...).
Não vou mentir que
seja adrede, mas o fato dificilmente contestável é que esse espaço
parou de ser alimentado toda vez que a média de audiência
começou a inchar. Nada muito além, diga-se, de 70 ou 80 acessos
diários, o que é literalmente nada. É só que vai passando o
tempo, e a gente tem cada vez menos o que dizer para o mundo e cada
vez mais para a meia-dúzia da barra da saia. Não chega a ser uma
opção; é mais uma conseqüência do que se diz, do como se diz e
do sobre o que se fala, sobretudo. Este ofício não é propriamente
produto de vaidade: é um exercício doloroso de punção das
pequenas e grandes ulcerações que a vida vai colecionando pra nós,
e que seria muito mais prudente deixar repousar em seus recônditos.
Ora direis: por que
então não segue, então, sem publicar? Por que às vezes é triste
que isso tudo vá desaparecer para sempre qualquer dia desses, sem
vestígio, sem possibilidade. Os que engarrafaram eternamente suas
mensagens não tiveram, necessariamente, a esperança ou a fé no
resgate.
Assim, é com
indisfarçável satisfação que constato que em quase oito meses de
inatividade, a média de acessos só não foi a zero por causa
daqueles que aportam nesta praia por absoluto acaso a partir dos
mecanismos de busca. E que a expressão campeoníssima, disparado, é
“simpatia gases”, seguida por “greve 1917”. Aos peidorreiros
impedernidos e aos grevistas ultra-mortos – meus irmãos, meus
semelhantes! - minha gratidão sincera, meus respeitos. Meu brinde.
Em vossa honra e com vosso incentivo, sigo.
Acho que o que acontece é que vamos nos ajustando ao ritmo dos nossos blogueiros preferidos. Se eles postam, digamos, uma vez a cada dois meses, aparecemos mais ou menos nesse ritmo, esperando ser surpreendidos por algum comentário novo. Mas acho legal a relação silenciosa (ou não) que se estabelece entre as pessoas. O meu Pendura Essa tem uma média de 25/30 acessos diários e já sinto uma tremenda responsabilidade... Parabéns pela data!
ResponderExcluirObrigado, Ipaco, pelo respeito e prestígio que você sempre empresta a esta humilde publicação. Não é propriamente uma data, senão um desaniversário, como diria o Chapeleiro Maluco. Saudações!
ResponderExcluirProssiga, porque já desisti. O senhor é uma das três ou quatro reservas de coragem que ainda restam neste país.
ResponderExcluir"...É só que vai passando o tempo, e a gente tem cada vez menos o que dizer para o mundo e cada vez mais para a meia-dúzia da barra da saia. Não chega a ser uma opção; é mais uma conseqüência do que se diz, do como se diz e do sobre o que se fala, sobretudo..."
ResponderExcluirMe diga o que tomas, meu caro. Vou pedir urgentemente.
Brilhante!
Abraço saudoso.