segunda-feira, 9 de março de 2009

Curtas do dérbi


* Um jogo que, na prática, não valia nada. Palmeiras ganhando não seria mais líder do que é. Corinthians ganhando continuaria em segundo, pelo número de vitórias. O empate também não alterou nenhuma posição na tabela, visto que o São Paulo está três pontos atrás. E, afinal de contas, classificam quatro. Prova absoluta e cabal que a tal “prática” não vale nada no futebol. Valem a honra, a coragem, o sofrimento, o heroísmo, o drama, a tragédia, a superação, os simbolismos universalmente transcendentais.

* Parabéns às diretorias desses dois colossos do futebol brasileiro. Organização, senso de oportunidade, promoção, tudo na medida certa para alavancar a nossa combalida paixão nacional. Sobrou, em tudo o que eu disse aí em cima, o que faltou no futebolzinho mixo que os times jogaram em 90% do tempo da peleja. E é isso que importa! Viva a rivalidade! Abaixo as babaquices não-me-toques, abaixo a selvageria imbecilizante.

* Quem, definitivamente, não se conforma com as proporções que o clássico tomou é o São Paulo Futebol Clube (sem negrito, pelos próximos 70 anos). Não importa quantos títulos ganhem, a incontestável hegemonia, o crescimento numérico da torcida; não importa o poder econômico, a arrogância, as picuinhas: eles jamais saberão o que á o sabor de um Palmeiras x Corinthians, Corinthians x Palmeiras. Não sabem o que é uma rivalidade como esta, limitam-se a espiar de fora... E babar.

* Agora, pensando somente no quanto de futebol que se joga hoje no Brasil, digam lá, sem pensar, o que é mais deprimente: um time que toma um gol aos 47 minutos do segundo tempo de um jogador indiscutivelmente sem o menor resquício de condição física para a prática de qualquer esporte profissional, ou outro que precisa se valer do sacrifício (beirando a irresponsabilidade...) do mesmo jogador para fazer, de bola parada, o que todos os demais não fizeram em 92 minutos de jogo rolando?

* Ronaldo provou mais uma vez que é, definitivamente, um grande jogador de futebol. Aliás, é só o que ele é - e já é muitíssimo, num país de tantos monstros das quatro linhas. Justamente por essa grandeza de craque, não precisa que façam dele o que não é, nem maior que coisa alguma. Não é maior, por exemplo, que o grande Corinthians que ora paga o seu salário, nem que o imenso Palmeiras, que sobrevalorizou muitíssimo a dimensão de seu tento epilogal. Nem muito menos que Palmeiras x Corinthians, Corinthians x Palmeiras, um dos maiores clássicos do futebol mundial. Não foi Ronaldo que fez a grandeza do clássico, mas o clássico que proporcionou a grandeza do momento que o jogador pôde protagonizar. Mas isso, carísssimos, a minúscula rede globo e seus lacaios não vão entender (ou admitir) jamais.

* Como palmeirense, torço muito para que os efeitos ditos secundários da bem sucedida estréia precoce do Fenômeno protraiam-se o mais possível. A cortina de fumaça tende a fazer com que torcida, imprensa e diretoria aliviem a pressão sobre a comissão técnica pela bolinha que o time vem jogando. Bem como sobre atletas que, nitidamente, não têm condição de envergar a poderosa camisa alvi-negra.

* Questão matemática: enquanto o time do Palmeiras precisar de três zagueiros, dois volantes, e dois alas para tentar fazer (mal) o que uma dupla decente de beques deveria dar conta, sobrarão apenas três jogadores para armar, lançar e atacar. Será que isso explica alguma coisa?

4 comentários:

  1. Anônimo9/3/09 20:57

    Dá-lhe periquito, adorei o tento epilogal! Qualquer hora nos falamos com mais calma.

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  2. Pois é, né, o gordo ainda fez gol de cabeça, conseguindo tirar todas suas arrobas do chão na hora do pulo. Acho que o último gol que ele fez com a moleira foi em 1972.

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  3. Reparou, que pelo menos duas vezes o gordinho ganhou na corrida dos "zagueiros" Palmeirenses?
    Estranho...

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  4. É verdade. Não tinha pensado por esse lado.

    A Rede Globo, ao invés de transmitir esse clássico do futebol mundial, com toda a mística que o envolve, preferiu transmitir a participação do Ronaldo num jogo de futebol, numa babaquice sem limites.

    E, resumindo o que disse antes, lembro aqui que diversos outros craques de nível semelhante ao do gorducho e outros de maior envergadura (nomes são evidentes - Sócrates, Rivelino, Ademir da Guia, Rivaldo, etc.), já participaram desse clássico, quer pelo Corinthians, quer pelo Palmeiras, e já fizeram misérias muito maiores do que o gol de cabeça do rolha de poço, numa zaga meio duvidosa, o que, é claro, não tira o mérito do gol.

    Só que esse gol não tem esse aspecto ultra extraordinário que lhe querem conferir.

    Marcão

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