segunda-feira, 21 de maio de 2007
Sob as bençãos do Gigante Negro
Não costumo fazer deste espaço, senão quando a excepcionalidade das circunstâncias o exigem, um lugar de trombetização pública das minhas peripécias pelos caminhos menos virtuais da existência. Em tempos de panóptico, sou mais da turma do owo. E tanto a malandragem como as lições das artes bélicas sempre me ensinaram que em trincheira não se coloca outdoor.
Quero apenas registrar, pois, à guiza de homenagem e agradecimento o que foi a presença desta verdadeira entidade do samba brasileiro entre nós nesta última sexta-feira, primeira função desta nova temporada que pretende reviver belos encontros de samba vividos pelos Inimigos do Batente na Barra Funda, berço da resistência popular na cidade de São Paulo. Todos os que lá estivemos - entre os quais gente que o conhece há décadas, como meus amigos Nézio Simões e Gilda - fomos unânimes em reconhecer: nunca "seu" Wilson Moreira contou tanta história! Tamanhamente esteve à vontade, de tal forma parecia integrado a nós, ao lugar, ao público, que no dia seguinte nossa sensação é a de ele que tivesse, de repente, chegado à casa dos filhos, e com a família toda reunida, netaiada correndo no meio da gente, começasse a nos transmitir um legado. As histórias que ali se ouviu certamente um dia completarão o mosaico dessa página maiúscula da História do samba escrita pelo Gigante de Realengo.
Tudo o que se disser a respeito de Wilson Moreira sempre será pouco. Como descrever a presença de um homem que reúne a plenitude de aspectos por vezes tão difíceis de conciliar como a força e a doçura, a grandeza e a humildade, a genialidade e o despojamento, a altivez e a simplicidade? O que dizer de sua beleza negra, da mansidão que vem de profunda sabedoria da vida, de sua paternal majestade, de sua generosidade sem limites? Não há palavras.
Só nos resta, pois, dizer obrigado. Pelo reconhecimento e pela benção ao nosso trabalho modesto, mas esforçado, levando a diante, com tantos outros companheiros, a bandeira do samba brasileiro. Pelo privilégio de nos fazer depositários de tantas histórias, de tantas lições de vida, de sabedoria e de samba. Mas sobretudo pela alegria de podermos desfrutar, por algumas horas que fosse, da sua presença que é força, é vida, é inspiração.
E um começo desses só faz aumentar a responsabilidade em relação à continuidade dessa idéia. A partir de junho, toda última sexta-feira do mês Anhangüera dá samba! Com as bençãos do padrinho Wilson Moreira!
Axé, Alicate!
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Fernandão, esperei pelo texto prometido ansiosamente durante essa segunda. Só para reiterar e comentar por aqui: foi lindo, emocionante!
ResponderExcluirAli era história pura, e seu Wilson Moreira tem um monte pra contar. Verdadeira aula magna do samba.
No mais, deixarei um pouco a virtualidade de lado e retomarei a freqüência das visitas ao Ó e a imprimirei também ao Clube Anhanguera. Finalizando, estréia melhor, não podia ter.
Abraços!
E salve o grupinho de paulistas que fazem um sambinha diferente!
ResponderExcluirAxé, mano velho.
Fê, que axé, hein mano!
ResponderExcluirO Alicate se amarrou no ambiente e abriu os caminhos.
Segura "nóis"!
Como dizia o saudoso amigo Ademar Pantera: "O azar é deles!"
Beijo.
Fernandão - e por extensão, Favela: está marcada a reunião no Puppy, localizado na Av. Paulista 1001. A partir das 19h30.
ResponderExcluirEspantemos esse frio polar!
Abraços!
Hummmmmmmmmmmm... reunião no Puppy?
ResponderExcluirCoisa de viado.
Te estranhei, hein, Craudio... pqp..
Sze e amigos do Sze, a pergunta que não quer calar: como é que foi o encontro de vocês no Puuuuuuuuppppyyyyyyyy.... :>)
ResponderExcluirTá vendo, Cráudio? O Puppy, a partir de hoje, está rebatizado para Bigode.
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