terça-feira, 29 de maio de 2007

Mosaico II

Pululam por todos os lados críticas, denúncias, desconfianças com relação à organização dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro, desde gente da mais alta e indubitável respeitabilidade como mestre Luiz Antônio Simas, até da escumalha estulta e incompetente que campeia nas redações dos “super jornalões s/a”, que nada mais fazem do que reproduzir o padrão de imbecilização do pouco que resta de vida inteligente na Nação. A borduna está cantando à solta. Não tenho vontade de falar do assunto, sinceramente, e com tanta coisa mais escandalosa correndo por aí, não me tenho dado ao trabalho de analisar detidamente a enxurrada de insinuações, premonições ou mesmo fatos. Mas por dever de consciência, obrigo-me a duas pontuais observações.

Em primeiro lugar, por mais plausíveis ou mesmo verificáveis que sejam os problemas apontados a torto e a direito, de procedências as mais diversas, compete-me declarar publicamente minha absoluta e irrestrita confiança na honestidade pessoal, honradez e compromisso cívico do Ministro Orlando Silva Júnior. Na história da República podem-se contar, possivelmente nos dedos de uma só mão, os ministros de estado oriundos dos estratos populares que exerceram o cargo estritamente como cumprimento de um dever para com a Nação, sem nenhuma nesga de ambição pessoal, como um simples funcionário devotado à sua missão. E este é o caso do Ministro Orlando, afirmo com toda a convicção de que sou capaz.

Em segundo, na minha última visita ao Rio de Janeiro, causou-me profunda estranheza como gente de boa cepa possa aderir irrefletidamente ao sentimento constantemente repisado pelos detratores do Brasil de que nada de que é nosso possa prestar. Criticar, denunciar, chamar às contas, discordar, esbravejar, faz parte do direito-dever inalienável de todo cidadão. Agora, torcer para que TUDO DÊ ERRADO, é algo que simplesmente não consigo compreender. A não ser vindo daqueles que sistematicamente se comprazem em reforçar a idéia de que o brasileiro é, por natureza, incompetente, indolente, incapaz de se ombrear com os maravilhosos realizadores do “primeiro mundo”.

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O Papa Bento XVI têm-se especializado na nobre arte de dizer, em segundos, bobagens que o episcopado, o clero, a diplomacia, os políticos, teólogos, historiadores têm de levar meses pra tentar consertar. Entre uma montanha de pataquadas que disse por aqui e para as quais ninguém deu a menor pelota, soltou a pérola de que a catequese dos povos pré-colombianos não foi uma violência. Claro: saroba no defecador alheio é cosquinha. Tratou-se apenas, nas suas pontifícias palavras, de conduzir a ancestral sabedoria desses povos à plenitude da verdade no conhecimento do evangelho. Depois, ele mesmo tentou limpar a meleca, mas a sagacidade popular está cansada de saber que em dispensações papais, quanto mais se mexe, maior é o característico odor exalado.

Mas isso serviu pra me lembrar a história que me contou Iya Sandra Epega de Xangô. Perguntado a uma freirinha missionária entre os índios amazônicos, ao que parece irmã do nunca assaz exaltado Marechal Cândido Rondon (entre cujos compatriotas, nunca é demais lembrar, foi recentemente apontado como “o maior” o ultra-fanho chofer de carros Ayrton Senna), como pretenderia ensinar a sua religião aos índios, respondeu:

- Eles já têm a religião deles, não preciso ensinar a minha. Venho aqui unicamente para viver o que nela aprendi: servir ao semelhante no que estiver ao meu alcance.

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O mais recente mar de lama que se abate sobre a República, cujo primeiro e mais visível alvo foi o ex-ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, tem servido para tirar de pauta uma operação maquinada a partir do Palácio do Planalto e que já estava em pleno andamento antes da navalha, com o objetivo de legitimar perante a opinião pública a idéia de que o abastecimento nacional de energia elétrica é prioridade de tal monta a mitigar as preocupações com os impactos ambientais decorrentes da instalação de usinas hidrelétricas. Os alvos, sabidamente, são o complexo do Rio Madeira e Belo Monte, no Xingu. O Presidente da República havia muito não abria a caixa de ferramentas de suas bufonarias, como fez há algumas semanas, para ameçar a nação com o espectro nuclear, caso não sejam felxibilizadas as exigências para a concessão das licenças ambientais. Uma espécie de versão pós-moderna dos escrúpulos de consciência mandados às favas. De sua parte, a Ministra Marina Silva andava tentando convencer a si mesma e à Nação de que os avanços conquistados na gestão de diversos problemas ambientais (aparentemente efetivos) podem e devem justificar sua permanência num ministério onde é constantemente desautorizada e considerada presença incômoda.

Água na fervura por enquanto, atentem porque o tema voltará à baila quando a poeira baixar.

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A baba-ovíssima vertente futebolística da grande imprensa paulistana este final de semana tratou de supervalorizar o episódio da substituição do atacante Edmundo, estrela maior do escrete palestrino, só porque saiu de campo no clássico contra o São Paulo sem cumprimentar o técnico Caio Júnior, que ficou que nem um bocó de bracinho esticado, esperando o aperto-de-mão que não veio. Reação, aliás, absolutamente normal de um jogador que tem sanha de bola. Mas os arautos do futebolzinho comportado e higiênico insistem em que, mesmo puto, o jogador tenha que demonstrar publicamente, para exemplo e instrução das novas gerações, simpatia, cordialidade e “espírito esportivo”. Às putas que os pariram! Por sua vez, o janotíssimo treinador perdeu excelente oportunidade de ficar de boquinha fechada, tendo em vista que sua importância histórica para o Palmeiras e sua projeção no futebol brasileiro não chegam aos calcanhares do endiabrado atacante. Atenção, pois, os atestadamente honrados e bem-intencionados (dou fé!) dirigentes atuais do futebol esmeraldino: Caio Júnior é sério e, mesmo sem demonstar até agora ser um grande gênio, tem-se apresentado apto a cumprir a tarefa que lhe está sendo confiada. Ajudêmo-lo, pois, a ter a dimensão mais nítida das proporções em sede da realidade do futebol atual, e estaremos ajudando a gloriosa Sociedade Esportiva Palmeiras.

3 comentários:

  1. Querido, visto a carapuça com denodo.

    E torno a repetir, eis que meu discurso é - e é você um dos que diz... - torto, dúbio e confuso por natureza. Importa o fim que pretendo.

    Quero ver o Brasil livre das regras pentelhas do COI, das regras asseadas da FIFA que estragaram meu Maracanã, não queria ver o PAN realizado aqui, nem a Copa de 2014, como querem alguns. Essa a razão, bobinho, pela qual...

    Tá bom.

    Não vou explicar a piada, que eu sei que você não gosta.

    Beijo.

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  2. Fernandão, na história do Pan, estão escondendo o nefasto real: Nuzman. Orlando - esse é dos nossos! - nada mais tenta fazer do evento algo merecedor de crédito e dignidade, muito em nome dos atletas que estarão por lá.

    E sobre o Edmundo, sabe bem que sou grande rival. Mas não dá pra deixar de comentar mais um ato de covardia da imprensa. Como você disse, todo mundo sabe que ele faz isso, desde sempre. Nesse caso, especificamente, não gostar de sair de campo é uma virtude, e não um defeito.

    Mas foi contra o time usurpador, o time sem história e tradição queridinho da imprensa paulistana. E aí tudo vale para esconder que elas estão jogando mal há tempos. A culpa é do Edmundo, que desceu a madeira no Miranda, esse tão leal zagueiro. Isso sem mencionar aquele Souza...

    Esperar o que de um futebol onde a porrada é algo a ser banido (na várzea é bateu, levou) e que proíbe jogos em altitudes elevadas. Como diz o mestre do post acima, "coisa de viado".

    Abraços!

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  3. Ah, esqueci...

    Está decretado: Bar do Bigode, ex-Puppy!

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