quarta-feira, 30 de maio de 2007

Hélio Bagunça

O samba de São Paulo está de luto. Morreu nesta madrugada, aos setenta e um anos, um dos grandes baluartes paulistanos, Hélio Romão de Paula, o legendário Hélio Bagunça.

“Seu” Hélio participou em 1953, ao lado do grande Inocêncio Tobias, do reagrupamento do antigo Grupo Carnavalesco Barra Funda que acabou dando origem ao Cordão Carnavalesco Mocidade Camisa Verde-e-Branco, da qual foi o primeiro diretor de harmonia. Compositor, ritmista, balilarino do samba, era quase um prefeito do bairro da Barra Funda, berço do samba na Terra da Garoa, onde participou da formação do antológico salão São Paulo Chic. Fundou também, em 1973, a G.R.E.S. Tom Maior e foi Cidadão Samba da Cidade de São Paulo na década de 90.

Figura presente em muitas rodas de samba da cidade, deixa uma grande lacuna entre os que nos acostumamos a ouví-lo cantar samba e contar suas histórias. Topar com ele pelos sambas e butiquins da Barra Funda era comum, sempre pronto pra tomar uma cerveja, levar um papo malandro, como nas rodas do antigo Espaço CUCA, onde tivemos a honra de ser por tantas vezes agraciados com a sua presença, exercendo essa função maioral de passar adiante o conhecimento, a sabedoria e o axé.


Brilhará sempre na constelação das estrelas mais cintilantes do samba da Paulicéia, ao lado de Dionísio Barbosa, Inocêncio Tobias, Geraldo Filme, Pato n'Água, Zeca da Casa Verde, Talismã e outros que já moram no Orun, e dos que afortunadamente ainda se encontram entre nós como “Seu” Carlão do Peruche, Toniquinho Batuqueiro, “Seu” Mário Luiz, Oswaldinho da Cuíca e outros mais. A todos, nosso respeito e veneração.


Salve Hélio Bagunça! Salve o Camisa Verde-e-Branco! Salve o samba brasileiro!

7 comentários:

  1. Fê, como te falei ontem, ainda não digeri, mano. Estou triste. Porra, eu bebi com ele há poucos dias...

    O velho não parava. Estava tocando seu projeto "Filosofia de Vida", que tinha o intuito de valorizar a Velha Guarda, não de qualquer escola, mas todas as pessoas do samba que já têm mais de 60 anos...

    Era temido pelo bairro inteiro quando jovem. O malandro à moda antiga, né não?
    Entre as histórias mais fantásticas que já ouvi do samba de São Paulo, está a que o Hélio e o Pato N´água brigaram. E a malandragem do Bagunça deu um xeque-mate no apitador. Uma pernada de capoeira!

    Ele, dentro da quadra do Camisa, é como uma entidade, reverenciado por todos. Infelizmente, uma molecada babaca e "fanqueira" de hoje, que bate um tamborim e acha que sabe tudo, despreza nossos mestres. Isso o chateava pra caramba.

    Tomei um porre no Fofoca ontem, onde bebemos juntos várias vezes... de vinho. Um vinho bem vagabundo. Era a bebida preferida do incansável Hélio Bagunça.

    Beijo!

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  2. Favela, meu caro, você que mais conviveu com o velho malandro tem a obrigação de parar e escrever as histórias que conseguir lembrar, como essa, maravilhosa. E olha que Pato n'Água foi um dos mais temidos valentes da antiga... A velha rivalidade Barra Funda / Bixiga! (Embora o velho mestre do apito tenha feito carreira em ambos os redutos). E você foi mais preciso: Bagunça gostava mesmo era de um vinhozinho. Maestro Kico me ligou emocionado do Sinval: a rapazida estava sentida!

    E parabéns pela escolha do buteco para celebrar a passagem do Mestre. O Fofoca é um dos piores bares que eu conheci.

    Chora, Barra Funda! Chora...

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  3. Olá. Sou um mero ouvinte do samba bom e as vezes toco meu pandeiro pelas rodas da vida.

    Não sou conhecedor, nem razo nem profundo, da história do samba. Sei de fatos, talvez os mais comentados por ai, mas nada que mereça destaque ou que o meio todo já não saiba.

    Mas isso não me impede de, toda vez que chega uma notícia triste como essa, me sentir lesado pelo destino, ou pela símples ordem natural das coisas. Todos vão, sempre (e ainda bem, diga-se de passagem) e o novo sempre chega.

    Gostaria de deixar aqui minhas condolências aos mais próximos, a família, aos amigos e a todos nós que com certeza um dia ouvimos (ou ouviremos) um samba de Hélio Bagunça e diremos: "Salve saudoso seu Hélio!".

    (só uma pergunta não me sai da cabeça: quem for substituir os saudosos das Velhas Guardas estará à altura? Foi preparado para tal? É merecedor? Porquê meu filho ouvirá essa "Nova Velha Guarda" e temo que não sinta o que eu sinto quando ouço a "minha Velha Guarda")

    Att,

    Robson LAN

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  4. Anônimo1/6/07 14:08

    Tive o prazer de conhecer pessoalmente o Tio Hélio, num terraço na Casa Verde, durante a festa de aniversário de um amigo sambista. Na ocasião ele cantou lindamente aquele samba imortal do Talismã: "Sonhei que pintei, minhas noites de amarelo". É uma memória que não se apagará tão fácil.

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  5. Obrigada pelo apoio e pelo carinho de todos vcs que conheceram meu pai.
    A missa de 7° dia será na próxima 3ª feira (05/06) na igreja da Santa Cecília às 19.00 hs. Espero que vc possa estar lá.

    bjs

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  6. Anônimo2/6/07 16:16

    Eu tambem conheci, seu Helio Bagunça, e a dias perguntava dele, não estava comparecendo nas rodas de samba da Galeria Olido, não o encontrava mais pelo centro da cidade, onde sua presença sempre foi uma honra e um apreendizado.
    Apreendizado este que a Velha Guarda de São Paulo, nos brinda a cada dia.

    Hélio Bagunça
    Vá na PAZ

    Sandra Campos

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