sexta-feira, 23 de abril de 2004

Dia de São Jorge Pixinguinha Vianna de Ogum


O meu Rio de Janeiro está em festa. Feriado na cidade, dia de São Jorge, sincretizado com Ogum (na Bahia, o santo representa Oxóssi). Ferve o Campo de Santana, fervem os terreiros. E Quintino, então...

Ah!, que vontade de ir pra concentração na Vista Alegre, casa do bom Camunguelo... Pra depois assistir a missa das 7h00, já de fogo, e depois encostar naquelas barraquinhas, esticar pelos butiquins de Cascadura, até as pernas agüentarem. Ouvir aquelas histórias e haja flauta... E haja fé!

Dia de Pixinguinha, dia do choro. Dia de rezar. Dia de ouvir. De beber de cantar.

Canta, Moacyr!


Medalha de São Jorge

(Moacyr Luz / Aldir Blanc)

Fica ao meu lado, São Jorge Guerreiro
com tuas armas, teu perfil obstinado
me guarda em ti, meu Santo Padroeiro
me leva ao céu em tua montaria
Numa visita a lua cheia
que é a medalha da Virgem Maria

Do outro lado, São Jorge Guerreiro
põe tuas armas na medalha enluarada
te guardo em mim, meu Santo Padroeiro
a quem recorro em horas de agonia
tenho a medalha da lua cheia
você casado com a Virgem Maria

O mar e a noite lembram a Bahia
orgulho e força, marcas do meu guia
conto contigo contra os perigos
contra o quebranto de uma paixão
Deus me perdoe essa intimidade:
Jorge me guarde no coração
Que a malvadeza desse mundo é grande em extensão
e muita vez tem ar de anjo
e garras de dragão



Som de Prata

Moacyr Luz / Paulo César Pinheiro)


Nasceu no Rio de Janeiro
Dia do Santo Guerreiro
Naquele tempo que passou
Foi o maior mestre do choro
Tinha um coração de ouro
E que bom compositor

Foi Carinhoso e foi Ingênuo
E na roda dos boêmios
Sua flauta era rainha
E em samba, choro e serenata
Como era doce o som de prata, doutor
Que a flauta tinha
O embaixador desta cidade
Meu Deus do Céu, ai! que saudade que dá
Do velho Pixinguinha

Veio da terra de Zambi, sangue de malê
De uma falange do Rei Nagô
Filho de Ogum, de São Jorge, do batuquejê
De Benguelê, de iaô, Rainha Ginga
É que sua avó era africana
A rezadeira de Aruanda, vovó, vovó cambinda
Só quem morre dentro de uma igreja
Vira orixá, louvado seja, Senhor!
Meu Santo Pixinguinha

Ele é de Benguelê
Ele é de iaô
E do batuquejê
Ele é do Rei Nagô
Tem sangue de malê
É banto sim sinhô...

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