segunda-feira, 8 de março de 2004

Dia da Mulher

Bom, como não podia passar em branco, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, publico aqui carta a mim endereçada por meu irmão de fé, Julio Vellozo, doutor máximo na matéria, aliás:


"São Paulo, 08 de março de 2004


Fernandão,

Estava na minha mesa, lendo alguns jornais, naquela honestidade que me é característica, quando deparei-me com duas notícias. Uma boa e uma má.

A má:

A contagem de espermatozóides está diminuindo cada vez mais. Ou seja, os doutores cientistas, essas pessoas de bem que ficam estudando as formas de livrar-nos de todo o mal, descobriram o que já nos era óbvio: a macheza vive um processo contínuo e firme de decadência. A figura clássica do homem está com os dias contados. Seu lugar vai sendo assumido por uma figura intermediária, resultado da inevitável vitória final do feminino sobre o masculino. O macho, seguindo a escalada implacável da evolução, vai deixar de ter papel no processo de reprodução. Esse negócio vai durar alguns anos, talvez séculos, mas palpito que vamos pro vinagre antes da arara azul e do mico-leão dourado.

Mas tem também a notícia boa:

Eles descobriram também que nos espermatozóides que vão nos sobrando, os famosos xizinhos, são em número muito maior do que os famigerados ypsilonizinhos. O que quer dizer que, lançamos à luta, cada vez que possuímos uma dama, um número cada vez maior de potenciais mulheres. Nós dois, que fizemos nossas partes colocando duas belas mulheres no mundo, seremos correspondidos por nossos companheiros de batalha.
Que beleza! Futuro radiante dos povos será com mais mulheres e menos homens. Uma humanidade mais generosa, mais inteligente, mais sensível - em suma mais feminina.

Ou seja meu velho, do macaco pra cá melhoramos bastante. Daqui pra frente melhoraremos mais. E nós, homens à antiga, do tipo que ainda manda flores, devemos aceitar tranqüilos a nossa derrota final. As mulheres venceram, apesar de ainda não terem levado ( vide toda a exploração a que são submetidas). Venceram e convenceram.
Eu de minha parte, e tenho certeza que você da sua, continuarei da minha trincheira, antagonizando com as mulheres, mas só pra na contradição ser superado.
Mas confesso que, apesar de entender tudo isso como a vitória do feminino sobre masculino, me reservarei o direito de continuar achando algumas coisas bem esquisistas. Como o velho Gonzagão:

"Cabra do cabelo grande
Cinturinha de pilão
Calça justa bem cintada
Custeleta bem fechada
Salto alto, fivelão
Cabra que usa pulseira
No pescoço medalhão
Cabra com esse jeitinho
No sertão de meu padrinho
Cabra assim não tem vez não."
No sertão de cabra macho
quem brigou com Lampião
brigou contra Silvino
quem enfrenta batalhão
amansa burro bravo
pega cobra com a mão
trabalha sol a sol
de noite vai pro sermão
rezar pra Padre Ciço
falar com Frei Damião
No sertão de gente assim
No sertão de gente assim
Cabeludo tem vez não"

Abraço,

Julio

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