As patas-de-vaca da
cidade de São Paulo organizaram-se decididamente para proporcionar o
mais belo espetáculo urbano desse ressequido e poluidíssimo mês de
agosto. O apelido simpático da Bahuinia forficata
faz alusão ao formato de suas folhas, inconfundível para quem
aprecia um belo caldo de mocotó. De popularíssimo emprego no
tratamento e controle da diabete, as arvorezinhas que grassam pela
cidade inteira este ano resolveram exibir com máxima pujança e
exuberância (parece-lhes redundante?) as lindíssimas flores que vão
do mais inobjetável branco aos diversíssimos matizes róseos e
lilases, algumas mesclando inexplicavelmente mais de uma variedade.
Com algum exagero chegaria a dizer que estão valendo a visita a esta
costumeiramente triste cidade, até porque os ipês e azáleas (era
assim que meu avô dizia), afrontados com a inesperada ofensiva,
também se têm esforçado em não fazer feio, a despeito do
campeonato de 2011 já ter sido abocanhado pelas mimosas
bovinodáctilas.
Em tempo, a propósito da
última palavra, invenção modestamente bem sucedida deste despretencioso artífice, é imperioso consignar o quão estúpidas, além de
aborrecidas, são as reformas ortográficas. O “c” mudo, banido
há décadas da versão oficial da última flor do lácio que se vem
estabelecendo por estas plagas, não bastasse emprestar indiscutível
graça adicional à palavra, clarifica-lhe tamanhamente o sentido e,
principalmente, a remissão visual.
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