José Ramos Tinhorão
Em seu quarto LP, intitulado Tiro de Misericórdia (RCA Victor 103.0228), a dupla de compositores João Bosco e Aldir Blanc vem confirmar uma impressão que se reforçaria desde sua estréia, em 1973, até o ponto de uma conclusão definitiva a partir do terceiro disco, Galos de Briga, de 1976: embora o autor das músicas, João Bosco, ganhe as honras do estrelato, o grande artista da dupla é o autor das letras, Aldir Blanc.
De fato, basta ouvir com atenção as 11 faixas deste Tiro de Misericórdia para se perceber, num confronto de qualidades específicas, como o letrista Aldir Blanc é realmente um poeta, e seu pobre parceiro João Bosco não passa de um musiquim.
Experimentem acompanhar a audição de cada faixa separando a letra da música. O que nos mostram os versos de Aldir Blanc? Mostram não apenas um poeta moderno, armado em nível de mestre no artesanato das palavras, mas um observador profundo e fino das realidades brasileira e carioca, que sabe jogar com a linguagem popular para atingir ao refinado e preciso humor de um jogral especialista em escárnios e sirventes. A mesma linha de humor social que, passando por Gil Vicente, viria até a nossa linhagem de satiristas iniciada em Gregório de Matos Guerra e continuada em Martins Pena, em Manuel Antônio de Almeida e em França Júnior.
Assim, vamos ao Gênesis, que abre o LP, e vemos no Natal de mais um Jesus da pobreza malandra brasileira que ele nasce "de teimoso", em meio ao "Barro, ao invés de incenso e mirra", num dia em que "chovia canivete". Em Jogador, poema de estrutura enxuta, evitando até artigos e preposições, descobre-se a intenção descritiva do movimento de jogadores e assistentes de uma partida de sinuca (onde o jogador como que joga sempre a própria vida em cada partida, porque aquela é sua arte e sustento): "Olha a mesa,/Olha o quadro,/Olha firme/No olhar do parceiro.../Olha o taco,/Olha o roubo,/Confere o dinheiro/E não chia/Que bom jogador/Joga o jogo".
Naturalmente, as pessoas criadas em meios refinados, que nunca entraram num bar de sinuca, onde se reúne a humanidade descrita nos contos do livro Malagueta, Perus e Bacanaço, de João Antônio, esses pobres seres de vida empobrecida jamais perceberão em toda sua carga de sugestão o sentido dessa conclusão que esconde o segredo de um hai-kai popular: "Que o bom jogador/Joga o jogo". É o que há de mais orgulhoso e fatalista em matéria de filosofia que toma o jogo como vida: quer dizer, o bom jogador aceita o jogo das circunstâncias, para o melhor ou para o pior, porque, afinal, tem que ser assim porque será sempre assim, e "malandro que é malandro não estrila", e "bom cabrito não berra", e "o que tinha que ser já era".
Vai-se ao Falso Brilhante e encontra-se esta jóia de poesia verdadeira: "O amor/Sempre foi o causador/Da queda da trapezista". Assim como em Tempos do Onça e da Fera se pode descobrir a velha imagem de Orestes Barbosa das "roupas comuns dependuradas" que "pareciam bandeiras agitadas", magicamente fundida na visão do avô que saía de casa envolto no carinho da família de Vila Isabel vestindo "o sol do quarador" e, passando entre as luzes e cores das roupas estendidas, pairava um momento pelo quintal como um duende "tecido em goiabeiras, sabiás,/Cigarras, vira-latas, e um amor...". Ouve-se o Sinal de Caim e depara-se com o achado de "E o revólver não pára,/E o chapéu do mocinho/Não cai da cabeça". Da mesma forma que em Vaso Ruim Não Quebra, com o achado poético dos versos: "Nossa paixão se amarrou/Que nem um nó na garganta" (com palmas especiais para a expressão "que nem"). Ouve-se Plataforma e lá está, a partir do título, toda uma proposta filosófico-política quase anárquica e algo idealista, mas de qualquer forma carregada de intenções de valorização da vida e das pessoas, que se deve querer como "passistas à vontade/que não dancem o minueto" (ditado pelas estruturas alienantes, naturalmente).
Depois desse exercício, recolocando o disco no prato, reouça-se o LP esquecendo as letras de Aldir Blanc e ouvindo as músicas feitas para elas, ou por elas vestidas. E o que soa, então, capaz de comparar-se musicalmente à originalidade e criatividade dos versos?
Para começar, o samba, Vaso Ruim Não Quebra é montado no início do sucesso de carnaval de 1950, Se é Pecado Sambar, de Manoel Santana, gravado por Marlene. Sinal de Caim é um samba-choro de fraseado tão batido nos primeiros anos em que esse gênero foi cultivado (ou seja, a partir de inícios da década de 30), que é possível cantar junto, logo à primeira vez que se ouve. Tempo do Onça e da Fera é um samba-canção da era de influência dos fox-blues cultivado por Dick Farney, a quem deveria ser entregue a interpretação desta música, se não fosse abusar dos contrastes ideológicos. Jogador é um reles sambinha de bossa nova imitando o popular. Tiro de Misericórdia e Gênesis são espécies de macumbas-para-turistas-musicais, no sentido da crítica de Oswald de Andrade. E, finalmente, Falso Brilhante, Bijuterias e Tabelas são boleros, gênero em que, realmente, João Bosco se revela à vontade.
Em conclusão - e considerando que o divórcio já foi aprovado - a melhor coisa que poderia acontecer em benefício da família da música popular brasileira mais respeitável seria a separação amigável entre João Bosco e Aldir Blanc. Afinal, como João Bosco há de concordar, fazer letras para boleros, samba-canções americanizados ou sambinhas com plec-plec de acompanhamento de violão bossa nova qualquer um faz. Por que gastar o imenso talento, sentido poético, de humor e de compreensão humana de Aldir Blanc com tão pouco?
(Jornal do Brasil, 14/01/1978)
Fernando, não resisti, tenho que dar o meu pitaco por aqui. Não sou entendido no assunto tanto assim, mais este tinhorão fala cada coisa. Se o Aldir não precisasse do João, assim como ele disse neste texto, acho-eu que o Aldir deveria ter lançado um livro ao invés de um disco.
ResponderExcluirTinhorão é muito malvado (rs)! Mas não é verdade que João Bosco seja o músico medíocre que ele sugere - muito pelo contrário, tem um notável domínio do violão como instrumento de composição. Agora, que Aldir Blanc é gênio é fato inconteste, provado não apenas pelas composições musicadas por João Bosco, mas também pela longa parceria com o excelente Moacyr Luz, além de pérolas divididas com outros músicos, como "Resposta ao Tempo" (co-autoria de Cristóvão Bastos, se não me engano). A propósito, Rodrigo, Aldir escreveu, na verdade, vários livros, sendo, na minha opinião, um dos grandes mestres da crônica brasileira - ou, mais especificamente, carioca.
ResponderExcluirQuerido: não gosto desse estilo, sabe? O de necessariamente esculhambar uma parte para elogiar agudamente a outra. Aldir e João formam (ainda bem, formam!, no presente!) uma dupla perfeita, ao menos no que diz respeito ao que deve ser uma dupla musical, um mandando ver na composição e outro mandando ver nos versos. As histórias que ambos têm para contar sobre a parceria deixam muito claro que essa depreciada no trabalho do João é besteira. E esse papo de dicotomia, também, ô saco!
ResponderExcluirBeijo.
Salve Fernando!
ResponderExcluirPois é, 1978. Isso dá pano pra manga. Eu só me atrevo a dizer que "violão plec-plec" é muita esculhambação. É gota d'agua, meter a mãe no meio da contenda. Abraço
Salve Aldir Blanc! Salve João Bosco!
ResponderExcluirEstou com o Edu, querido. O barato mesmo é ouvir as composições da dupla. Se é verdade que João Bosco, sem as letras do Aldir, fez uma seqüência de discos medianos e sem importância, é verdade também que os versos do Aldir, sem as melodias do João Bosco, não chegaram a tanta gente. Eles formaram, na minha modesta opinião, a dupla mais entrosada da MPB. Beijo!
ResponderExcluirSou só mais um chegando pra reforçar o coro dos que aqui já se manifestaram. Queria eu chegar a escrever uma letra com a caligrafia poética do Aldir. Queria eu também ter o violão e a inventividade do João Bosco por perto, pra fazer o que fosse de bonito. Só a título ilustrativo, a título de jogar uma pá de soda no que o Tinhorão escreveu, cito "Quando o amor acontece", música magistral do João Bosco sobre letra pérfuro-cortante do Abel Silva. Era isso.
ResponderExcluirSó digo que ri demais.
ResponderExcluirViva Aldir! Viva João Bosco! Viva Tinhorão! Viva, meu irmão!
Fernando, é bem um artigo do Tinhorão, implicando com os bolerismos e por causa deles jogando fora todo um trabalho. Ele acerta quando classifica o trabalho do João Bosco como mediano, nesse disco. Mas o que dizer dos dois que o antecederam, “Galos de Briga” e “Caça à Raposa”? Mesmo sendo um bolero, daria para o Tinhorão desconsiderar “Dois pra lá, dois pra cá“? E dizer que não é sambista quem nos deu “O mestre sala dos mares”, “De frente pro crime” e por aí vai? A queda de qualidade do João no Tiro de Misericórdia só pode ser percebida devido à excelência dos dois discos anteriores. Que são o ponto alto da dupla, na minha opinião. E logo depois do Tiro de Misericórdia, ainda viria “Linha de Passe”, com a própria e com “O bebado e a equilibrista”. Que sambista “musiquim” é esse? O Tinhorão não podia prever na época, mas o João continuaria alargando seu horizonte para além do samba, rumo a outros ritmos negros, como em “Gagabirô’”, que considero excelente, ainda com Aldir mas já com outros, e “cabeça de Nego”. Mais adiante, “Zona de Fronteira”, com letras de Waly e Antonio Cícero, estilos diferentes do de Aldir, mas respeitáveis. A mediocridade que o Tinhorão viu no João ele também viu no Tom, por exemplo. O que dá bem a medida do quanto podemos considerar e desconsiderar nessa crítica. O Tinhorão teve razão numa coisa: o Aldir tinha ainda muito a ganhar se unindo a outros músicos, como a parceria com o Guinga viria a demonstrar. Mas não precisamos depreciar o João para achar isso.
ResponderExcluirAldir, João e Tinhorão: que trinca, rapaz!
ResponderExcluirA melhor definição de Tinhorão está na apresentação do seuO Samba Agora Vai: "(...) o crítico que paga para ver, o cavaleiro da guerra que não poupa nenhuma das 'verdades' consagradas..."
E essa foi a maneira encontrada pelo escritor em sua luta pela música genuinamente brasileira e contra picaretagens e bajulações: pagando para ver, estocando sem cerimônia até mesmo intocáveis como Dorival, Tom, Chico ou Paulinho ou abrindo a machadadas sua inimiga-mor, a Bossa Nova, o que sempre rendeu-me muitas gargalhadas. Injustiças cometidas à parte - como chamar João de "musiquim" - Tinhorão é figura necessária, bem mais que baba-ovos profissionais como o "cul" Nelson Motta.
Tinhorão tem uma forma muito peculiar de ver música. Ele pode considerar uma roda de samba ou choro perfeita, mas, se pegássemos os mesmos músicos e levássemos para um estúdio, tudo viraria merda para ele, devido à óbvia e inevitável descaracterização daquela manifestação popular.
Três grandes caras, sem dúvida.
Luiz.
Invado pela primeira vez o seu espaço...e ainda fujo da discussão em voga... apesar de amar João Bosco e admirar por demais o Aldir Blanc... venho falar desse cara aki do lado: Nilson Chaves, a quem devoto meus momentos de boa música. Ver esse meu conterrâneo por aki me enche de orgulho e fico feliz que as coisas boas do Pará tb são conhecidas por aí...
ResponderExcluirBom é ver que o Tinhorão hoje ainda continua o mesmo. Gosto de maneira absurda do Jão (como o Aldir chama), mas Tinhorão e suas trincheiras são fundamentais!
ResponderExcluirTem gente que é profissional em separar duplas. No Jornal da Tarde, em 1976 o Telmo Martino cometeu uma asneira oposta à do Tinhorão: "Aldir Blanc faz piruetas literárias sobre o pedestal das músicas do João".
ResponderExcluirO Aldir já deu o enquadro: "Tinhorão: urutú, sucuri / O Jobim: sabiá, bem-te-ví".
Não é à-toa que Tinhorão é nome de erva tóxica.
"seu pobre parceiro João Bosco não passa de um musiquim"....ahahahah...o Tinhorão é mesmo uma anta, pra mim ele tem inveja dos artistas, só pode ser!
ResponderExcluirJoao Bosco é um dos mais primorosos violonistas da nossa MPB, e Aldir Blanc um dos maiores letristas. E fim de papo. Que história é essa de que pra um ganhar o outro tem que perder? Só mesmo um burro como ele pra escrever tal absurdo numa crítica! Durante toda a vida só usou sua vasta cultura pra detonar com os outros....
Cada vez mais eu confirmo a minha impressão primeira:HOGERRIZO - com domínio de causa - ao TINHORÃO! – impressão agora derradeira.Como se não bastasse a tacanha e covarde perseguição dele para com Tom e a Bossa Nova - coisa que francamente causa-me repugno para dizer o mínimo - munido de descabidas jurássicas e medíocres acusações de americanismo.
ResponderExcluirCerceando a Arte,dando limite xenófobos a cultura,demonstrando absoluta inaptidão estética e total desconhecimento da ciência musical este velho,ressequido crítico seguiu regurgitando sua cansada e cansativa ótica musical.
Insensível,pequeno,xenófobo,óbvio,rude,reacionário cultural,tacanho,ultrapassado,idiossincrático...Sempre assolado por esta parva síndrome perseguidora do “Rei está nu”...
Depois de vê-lo considerar um músico do quilate do João Bosco como "musiquim"...Chocada,ainda em vão me espanto com a incapacidade dele como crítico musical.
Realmente o Tempo é o senhor dos sortilégios do bom senso!Fala por si só da grandeza da obra do Bosco,e da sua (sempre,e renovando-se) impressionante musicalidade.Musicalidade, aliás, visível de longe – a qualquer ser provido de sensibilidade auditiva - já no brilhante instrumentista,violonista que ele é .[Por sinal, este embolorado senhor deveria ter ouvido as impressões de Aldir com relação a musicalidade do parceiro desde o primeiro momento que teve acesso a este um.]
Bem nem vou entrar no mérito da portentosa discografia do Bosco que fala por si.Nem tampouco me estender ao comentar que o Aldir é um mestre ,um mago da palavra, mas musicalidade (no sentido do ímpeto criador e de feitura) não é seu forte.Portanto não fosse seus parceiros musicais Aldir seria sim, este habilíssimo,genial cronista,não um compositor.
É tão estúpida essa opinião separativa dele, que esta fala por si só do quão absurda é.Contestá-la me leva mesmo a cair num armadilha da bobagem.
Qual ser crítico, dotado de inteligência estética, seria capaz de sugerir que num exercício de canção - onde encontra-se um produto de resultado coeso, atrelado,uníssono - basta ver o que os letristas falam de seus trabalhos como compositores - se separasse uma parte da outra.
E tão só para que esta uma apreciação individual acudisse a idiossincrasia tola dele.Porque está notório que Tinhorão era uma criatura megalomaníaca,ou no mínimo absurdamente vaidosa.Do contrário não teria coragem de emitir impunemente tanta e tão grave ignorância (no mais literal sentido, de total desconhecimento do que diz).
Quem foi Tinhorão?Um pesquisador respeitado por muitos,noves fora utilidade...Se ele tivesse se omitido de emitir suas idiossincrasias alcunhadas de “críticas”, quanto nos pouparia de tão comezinha sensibilidade,quanto somaria na sua mínima utilidade mediante pesquisadores e críticos infinitamente mais brilhantes e gabaritados (Ave,Mario de Andrade!).
Aliás,é tão medíocre o senso estético do nosso pouco estimado e danoso pesquisador José Ramos TINHORÃO ,que me lembrou de associá-lo a um comentário bobo do Romário,que aqui,adaptado, cabe como uma luva:TINHORÃO,calado é um POETA!
E me reportando alusivamente a beleza esfuziante e RENOVADA de álbum recente do João Bosco,cujo o título diz 'Não vou pro CÉU,más já não vivo no chão',vocês imaginam pra onde a minha maltratada sensibilidade,numa alusão INVERSA, diante de leitura tão desconfortável,quer mesmo mandá-lo.
PS:Não foi o mesmo Aldir quem associou na sua brilhante ‘Querelas’ (de parceria com o Tapajós) ,não foi ele quem associou,perfilando - tão apropriadamente - o Tinhorão as cobras no delicioso verso: “Tinhorão, urutu, sucuri”...
O mesmo Aldir que disse na mesmíssima música:
“o Brasil não merece o Brasil,o Brasil tá matando o Brasil”(!!!).
"Centopéia"
Eu sou obrigada a discordar em cheio do nosso amigo aí em cima que alegou a utilidade de gente como Tinhorão,ao menos me restringindo ao pólo tocante ao crítico.
ResponderExcluirOra:Se um bajulador como Nelson Mota se configura num ser nulo,inútil,absolutamente inofensivo.
Por sua vez: Uma criatura com a mente tão fechada,rude,com esta triste inclinação a arte como apelo servilista - tão mediocrizado-r do Brasil,subestimando a capacidade do brasileiro - uma criatura como essa é o extremo oposto do necessário, ela é danosa,perigosa.Tinhorão é o ícone, o emblema do atraso mental e conseqüentemente cultural condenado,combatido por Glauber e outros gênios que sabiam da potencialidade infinda da nossa Arte.Gente que combateu a folclorização,que acreditou na potencialidade sofisticada dos meandros da criação,como diria Mario de Andrade artefeitura,artefazer [A sinceridade,a espontaneidade são coisas que se modificam constantemente,dia por dia.Tem de ser repudiadas como elementos conscientes da obra-de-arte que é artificial,artefazer,artefeitura...”SIC]
Tinhorão na sua estrutura ridícula era, isto sim, um cavaleiro tétrico combatendo moinhos de vento imaginários,sacando seu tacape de brucutu das cavernas,para tacar a clava forte em filhos brasileiros – que nunca fugiram á luta – filhos de uma pátria mãe tantas vezes ingrata que elevaram nossa arte a um patamar maior,muitas vezes internacional (coisa que feria o ‘maléfico’ em cheio).
Você (Luiz) falou muito bem quando insinuou que para ele (Tinhorão) qualquer coisa elaborada descaracterizava uma manifestação artística.É então flagrante o preconceito,a visão amesquinhada dele.Aquele tipo que acha que samba é farofa com cachaça - apenas. O tipo de gente que nunca acreditou verdadeiramente na potencialidade técnica da arte brasilis.Gente que reduziu,cravado de preconceitos, nossas manifestações culturais aos batuques de terreiro, esquinas e botecos.Amarrando ao tronco - chibata e pelourinho da “preservação da tradição” - nossa Arte.
Já é tão difícil para um artista brasileiro se projetar,ter de lutar contra toda a opressão Terceiro Mundista.Como se já não bastasse tudo isso,quando se fazem gênios como Tom (ou artistas brilhantes como o João -o Bosco e o Gilberto!),eles se vêem obrigados a combater com sua própria pátria personificada em figuras emboloradas como este mesmo José Ramos.Este um que é signo destas criaturas parvas,hipócritas que acham que guardam/guardavam o Brasil numa caixa velha,empoeirada escrita: “PatriDIotas”.
Enquanto nomes elevados, que ele perseguiu com requintes de crueldade,louco,vaidoso,achando que portando a lança da identidade cultural,enquanto estes nomes é que fizeram o Brasil evoluir,caminhando,eles sim carregando em suas costas o peso (sôfrego) de serem (verdadeiramente) brasileiros.
E o Tinhorão, tétrico na sua fantasia soldadesca de verde e amarelo desbotado,termina esta história quixotesca: fraco,roto,definhando sua amargura,mordendo sua língua venenosa,relegado a um apodrecido posto de pesquisador, rememorado por meia dúzia de reacionários culturais.
"Centopéia".
*OJERIZO(!)
ResponderExcluir"Centopéia"
É amigo, melhor continuar analisando literatura, porque de música você entende muito pouco. João Bosco, além de compôr lindas estruturas musicais, simples mas potentes, é um grande instrumentista e cantor. Daqueles que são catalisadores de toda uma sensação no ouvinte. Desculpa, mas quem procurou João Bosco foi o Aldir, e os dois se completam. O quê você deve entender é que para as letras aparecerem, a simplicidade de algumas músicas é FUNDAMENTAL.
ResponderExcluir