segunda-feira, 26 de maio de 2008

Arranha-céu

Sílvio Caldas e Orestes Barbosa


Cansei de esperar por ela
Toda noite na janela
Vendo a cidade a luzir
Nesses delírios nervosos
Dos anúncios luminosos
Que são a vida a mentir...
E cada vez que subia
O elevador não trazia
Esta mulher - maldição!
E quando lento gemia
O elevador que descia
Subia o meu Coração

Cansei de olhar os reclames
E disse ao peito não ames
Que o teu amor não te quer
Descansa, fecha a vidraça
Esquece aquela desgraça,
Esquece aquela mulher!
Deitei então sobre o peito
Vieste em sonho ao meu leito
E eu acordei, que aflição...
Pensando que te abraçava
Alucinado apertava
Eu mesmo meu coração


Valsa gravada originalmente por
Sílvio Caldas para a Odeon, em
19/03/1937

Um comentário:

  1. "Vendo a cidade a luzir
    Nesses delírios nervosos
    Dos anúncios luminosos
    Que são a vida a mentir..."

    Estes, se não são os mais bonitos, estão entre os maiores do nosso cancioneiro. São líricos sem perder o tom crítico, têm movimento... parece que a gente vê a imagem dos anúncios a vibrar. Boa lembrança.

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