Fico às vezes embasbacado ao ver que todo o pretenso avanço institucional brasileiro ainda não foi capaz de banir da vida pública certas posturas e personagens que não têm o menor pudor de encarnar publicamente os mais abjetos conceitos e sentimentos contra os quais gastamos boa parte de nossas vidas combatendo.
Uma destas grotescas figuras, albergado seguidamente por cada uma das emissoras de televisão aberta do país e agora aspirante a um cargo eletivo, é useira e vezeira em declarações desastrosas e ofensivas à dignidade da população brasileira que é, em instância final, a titular do serviço público de telecomunicações que o emprega. Trata-se do senhor que atende pelo nome Clodovil Hernandes, costureiro afamado e dublê de apresentador de televisão, atividade na qual destaca-se por colecionar uma sucessão que parece interminável de ratas, maledissências e pseudo-polêmicas de variadas ordens.
Anteontem, figurando em matéria publicada pela Folha de S. Paulo, justamente sobre os supostos candidatos "extravagantes e divertidos", no dizer da manchete, o indigitado senhor declara, ao ser perguntado sobre “qual a vantagem de ser político”: “Nenhuma. Ainda mais porque eu nasci aqui e não na Alemanha, onde tudo é melhor, a começar pela raça. Nós viemos de índios bobos, antropófagos, você não pode pretender que as coisas sejam iguais.” (o destaque, que chega a ser desnecessário, é meu)
Há pouco mais de dois anos, o mesmo senhor Clodovil, à época cumprindo a função de apresentador do programa televisivo “A Casa é Sua”, veiculado pela emissora Rede TV, no programa do dia 17 de março de 2004, referindo-se ao suposto fato de o conhecido e não menos desastrado cantor Agnaldo Timóteo ter sido impedido por fiscais da Prefeitura Municipal de São Paulo de vender seus discos como ambulante nas ruas do centro de São Paulo, proferiu o seguinte comentário, textualmente: “[Agnaldo Timóteo] tem que vender discos na rua (...) Ele vai fazer o quê? Ele vai fazer o que todo crioulo faz no Brasil? Vai virar ladrão, bandido ou o quê?” (grifos nossos) (fonte: FolhaOnline, 18/03/2004).
Este espaço e seus leitores não reclamam a escansão dos conceitos compreendidos na infamatória assertiva, que será levada a efeito nas instâncias adequadas, como já na época. Só peço, para o mal menor das instituições democráticas, entre as quais, o Congresso Nacional, do qual aspira fazer parte o “extravagante” senhor, que divulguem.
É Fê... no aniversário da Rai falamos sobre esse merda, e ele entrou mesmo: 493.951 votos. Como bem disse o Ariê, naquela mesma noite: "Cada mula tem os carrapatos que merece".
ResponderExcluirUm beijo!
Arthur