quinta-feira, 8 de junho de 2006

Flores para Fiori


A sabedoria do velho Tio Osias desde há muito me chama a atenção: sempre morre um sambista venerável às vésperas do carnaval. Sem arriscar explicações místicas ou psicológicas, limito-me discretamente a verificar ano a ano a inapelável recorrência da misteriosa lei, que tristemente parece ter agora resolvido estender seus domínios ao mundo do futebol.

Morreu nesta madrugada, véspera da abertura de mais uma Copa do Mundo, o grande locutor-poeta Fiori Gigliotti, glória do rádio esportivo paulistano e brasileiro, voz e estilo inconfundíveis a portar por tantos mundiais (desde 62, se não me engano) as esperanças, alegrias e decepções desta nação tão apaixonada pelo rolar da bola sobre a grama. Fiori foi, ao lado de Joseval Peixoto – corrijam-me, se for o caso, os mais velhos (embora não haja mais velhos lendo estas coisas, à exceção do Dinda, que é carioca) – uma espécie de ponte entre a geração primeva de Pedro Luís e Geraldo José de Almeida e as estrelas surgidas a partir da década de 70 como Osmar Santos e José Silvério. Atuou por muitas emissoras, tendo alcançado seu apogeu na Rádio Bandeirantes, onde consagrou para todo o sempre o bordão que ainda ouço ressoar e que, ironicamente, transmutou-se em seu perfeito epitáfio: “o teeeeeeeeeempo passa...”

O tempo passa.

Um comentário:

  1. Sze, o Fiori era um dos meus favoritos. No Rio, meu primeiro locutor preferido foi o Clóvis Filho, da Continental, que tinha como partner o comentarista Carlos Marcondes.

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