quinta-feira, 1 de junho de 2006
A Barca aporta no Rio de Janeiro
Depois de pedidos insistentes do meu amigo Paulo Eduardo Neves durante uns bons anos, finalmente o meu querido Rio de Janeiro poderá pela primeira vez testemunhar ao vivo o tão importante quanto festejado trabalho do grupo paulistano A Barca, que lançará terça e quarta-feiras próximas, 06 e 07 de junho, no Teatro Rival BR o esplendoroso álbum quádruplo (isso mesmo: são 3 Cd’s e um DVD!) fruto da última viagem da trupe pelo interior brasileiro, em projeto patrocinado pela Petrobrás.
Inspirado pelo trabalho teórico e prático do grande pensador do Brasil que foi Mário de Andrade, o material que deu origem à caixa Trilha, Toada e Trupé é composto de 300 horas de áudio/vídeo e mais de 6000 fotos, a partir de uma peregrinação por mais de 10.000 km em nove estados brasileiros, do Pará a São Paulo, entre dezembro de 2004 a fevereiro de 2005. Foram trinta comunidades visitadas, entre aldeias ribeirinhas, terreiros, quilombos, periferias de cidades, sempre colhendo material, registrando, ministrando oficinas, fazendo apresentações, interagindo, com grande repercussão por todo o Brasil.
O que ali se vê e que se pode ouvir do que foi colhido é a aparentemente inesgotável e profunda beleza das formas expressivas que misturam sonoridades, coreografias, dramaticidades que levam ao mais aguçado limite a dialética entre simplicidade e sofisticação. Universos sonoro-visuais inacreditavelmente ainda possíveis, formas que se perpetuaram e resistem contra e a despeito de toda desconstrutividade do nosso mundo que a tudo devora e planifica, na alma dos artistas e das comunidades que os gestam, maravilhosamente colhidos, tratados e recriados pelos competentíssimos músicos d’A Barca. O que só faz evidenciar mais e mais as possibilidades de riqueza estética e expressiva espalhadas pelo chão brasileiro que, devo acreditar, devem se constituir na semente certa e boa de todas as nossas demais possibilidades.
No meio do lodaçal em que chafurda o Brasil oficial de garotinhos podres, moluscos ineptos e alquiminstas da barbárie, a encomendação de almas das Cantadeiras do Souza de Jequitibá (MG), o tambor de crioula de taboca da Casa Fanti-Ashanti do Maranhão (que fará participação especial no espetáculo do Rival BR!) a dignidade e a fibra de Mestre Verdelinho (AL) são a experiência possível e real, viva e verdadeira, de um povo que não só pode, mas a despeito de tudo, DÁ certo. Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça!
Mais informações podem ser obtidas na matéria que o crítico Tárik de Souza escreveu para o Caderno B do Jornal do Brasil (edição eltrônica integral, não há liame direto: selecionar a data na coluna da direita, depois clicar para o Caderno B e ir "folheando") de 31 de maio último, ou no sítio virtual do grupo A Barca.
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Já estamos agitando um jeito do Leo nos liberar para o show. Aproveito para pedir um favor. Quero pedir para a Railídia uma pequena biografia dos integrantes. Cada um tem carreiras interessantes como músicos (participações em Prêmios Visa etc.) e acho que seria legal falar a respeito na notícia. Só que na minha completa desorganização, não acho o email dela. Pode passar este meu pedido para ela?
ResponderExcluirEstou tão triste que não consegui ir no show deles... beijos
ResponderExcluirMaravilhosa Barca. Não pude ir ao show, tantas foram as confusões surgidas em minha vida desde então, mas ouvi e reouvi o CD. E adorei todos os discos, sobretudo o Toada.
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