Meus amigos, amanheci hoje com uma amarga e dolorosa ressaca. Moral, sobretudo. E vou valer-me da sensação de anonimato que este meio propicia (falsa, pois conheço pessoalmente todos os quatro leitores) e colocar-me diante de vocês para buscar ajuda de uma forma que, se não é ideal, os nossos dias vêm mostrando ser a mais eficaz. Perdoem-me, de antemão e mais uma vez, o tom confessional que essas linhas passam a assumir, cujo teor pode surpreender até os meus mais íntimos.
Luto, desde 1999, contra um vício que me atormentou por anos. Que roubou-me preciosos momentos da juventude, custou alguns relacionamentos, interferiu nas amizades, no trabalho, na família até. A história é bem conhecida de vocês. A coisa começa como uma distração, um pequeno prazer para atenuar um pouco as agruras da arena da luta real de todos os dias. Depois vai crescendo, vai te dominando sem você perceber, até que não se vive mais sem aquilo, não te sai da cabeça um só momento, consome seu tempo, suas atenções, seus desvelos. Mal você está saindo de uma rodada braba, teu pensamento está na próxima, que parece não chegar nunca. Isso, é claro, interfere diretamente no teu humor e, dependendo dos resultados, te destrói por dias a fio.
A decisão de abandonar veio de um dia que eu vi um cidadão morrer a poucos metros de mim. Nesse momento prometi a mim - há testemunhas! - que eu não acabaria daquele jeito. E desde então tem sido dura a batalha, por anos a fio, gradualmente tentando arrancar da minha mente aquela obsessão doentia. Fui conseguindo, devagar, as recaídas ficando mais raras, a angústia mais controlada. Não que a falta daquela sensação de se transportar para uma dimensão que é de sonho, que se apresenta tão épica diante da nossa banalidadezinha cotidiana, não me corroesse. Mas eu queria vida: cuidar da família, estudar, trabalhar...
É por isso, meus caros amigos, que a minha dor nesta amanhã foi tão aguda; a sensação de ter novamente capitulado, quase insuportável. Caí no erro tão comum, infringi a proibição mais elementar, desprezei o alerta de que nunca se pode confiar no auto-controle quando a irracionalidade fala mais alto. Julgava-me curado, e por isso, certamente, a derrota parece ter doído como nunca. Tudo voltou como num terrível pesadelo recorrente: o desânimo, a irritação, a agressividade, a revolta; e eis-me aqui completamente impotente.
Peço a ajuda de vocês meus amigos, porque não sei o que será de mim, de novo, daqui para frente. Mas tenho que confessar que ontem, de novo, meu céu turvou-se depois de longa primavera: assisti inteirinho, de cabo a rabo, de fio a pavio, roendo-me como nunca, o jogo da Sociedade Esportiva Palmeiras.
Meu mano, meu Otto, Pompa querido: acho que você cairá de joelhos de tanto rir. Meus olhos foram enchendo d´água durante a leitura desse texto, o que fiz agora, há poucos minutos. Parei para um copo d´água, respirei fundo, xinguei você pela preocupação que senti me pesando no peito, e terminei por rir lembrando do que fui pensando enquanto lia: o alcoolismo, pensei eu, mas isso não seria surpresa como ele anunciou. Meu mano Szegeri é gay, isso sim seria surpreendente, mas não deixarei de amá-lo por isso.
ResponderExcluirDaí cheguei ao fim (se o texto fosse um pouco mais longo, mano, eu acho que teria desabado de chorar, eis aí outra graça).
Passo a torcer, doentiamente, para que tenhamos um Flamengo x Palmeiras em breve.
Comprovando que somos siameses, ô Pompa, também tenho estado mais atento aos jogos do meu Flamengo, tão combalido depois de tantos anos de glórias.
Assistirei ao teu lado, onde quer que seja. Anote. E me cobre.
Beijo.
PS: Tomtom, cumprindo a promessa que fez no almoço, leu o Sodói de cabo a rabo ontem à noite.
Você deve ter amado meu comentário sobre sua ausência... ;-)
ResponderExcluirPerdoe-me!
Háháhá, Edu...
ResponderExcluirTambém pensei no alcoolismo! Até tomei um susto achando que a coisa já estava mais grave do que eu pensava. E lembrei da minha mãe dizendo: "Vocês todos têm tendência pra beber, vem do sangue austríaco!"
Comentário que nos faz rir até hj.
Beijo pros dois maninhos.
Caro Sze: pensei primeiro no tabagismo e achei que você tinha alguma razão; depois no alcoolismo e passei a desconfiar que você estava perdendo a razão; aí suei frio com aquela referência a impotência; cheguei ao extremo de imaginar outro vício, o uranismo, mas graças a Deus era só palmeirismo, que não chega a ser grave.
ResponderExcluirCom alívio,
Zé Sergio
PS - Que porra é essa de Pompa?
Dinda, será que toda a crise atual em relação ao programa nuclear iraniano seria uma questão de uranismo?
ResponderExcluirNão, aí no caso é iranismo, pois a crise ainda não atingiu o ponto certo. Só se tornará uranismo quando uma pica voadora islâmica for enterrada no De Profundis do George dábliu.
ResponderExcluirMas, enfim, que porra é essa de POMPA???
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