segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Três sambas pra José

Nos 103 anos do Vovô Amigo


João Valentão

Dorival Caymmi

João Valentão é brigão
Pra dar bofetão
Não presta atenção nem pensa na vida
A todos João intimida
Faz coisas que até Deus duvida
Mas tem seu momento na vida...

É quando o sol vai quebrando
Lá pro fim do mundo pra noite chegar
É quando se ouve mais forte
O ronco das ondas na beira do mar
É quando o cansaço da lida, da vida
Obriga João se sentar
É quando a morena se encolhe
Se chega pro lado querendo agradar

Se a noite é de lua
A vontade é contar mentira
É se espreguiçar
Deitar na areia da praia
Que acaba onde a vista não pode alcançar
E assim adormece esse homem
Que nunca precisa dormir pra sonhar
Porque não há sonho mais lindo
Do que sua terra, não há


Pedro Pedregulho

Geraldo Pereira

Pedro dos Santos vivia no Morro do Pedregulho
Quebrando boteco, fazendo barulho
Até com a própria polícia brigou
Vivia do jogo e quando perdia só mesmo muamba
Rasgava pandeiro, acabava com o samba
Parece mentira, Pedro endireitou...

Stelinha, orgulho do morro, mulher disputada
Que quando ia ao samba saía pancada
Ao Pedro dos Santos deu seu grande amor
E ele trocou o revólver que usava, fingindo embrulho,
por uma marmita, e sobe o Pedregulho
De noite, cansado do seu batedor.


Caco velho

Ary Barroso

Reside no subúrbio do Encantado
Num barracão abandonado
João de Tal, cabra falado
E dizem que viveu fora da lei
Foi um rei
Que zombava da morte
Tinha um santo forte

No meio de gente bamba
O seu prazer era tirar um samba
Pulava, dava rasteira
Topava briga de qualquer maneira

Mas hoje é um caco velho que não vale nada
Tem a cabeça branca, a pele encarquilhada
Faz até pena ver o seu estado
(pobre coitado!)
A vida é essa...
É um segundo que se esvai depressa
Todos nós temos o nosso momento
E depois dele o esquecimento

Nenhum comentário:

Postar um comentário