quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Declaração de voto

Empresto dessa caneta mais competente e desse coração mais generoso, as palavras precisas, suficientes e necessárias, para declarar, sem titubear, meu voto no camarada Netinho de Paula para o Senado da República.


Netinho e a hipocrisia dos que nunca erram

Bruno Ribeiro*


É com certo desânimo que tenho recebido, de gente próxima a mim, comentários do tipo: “Você vai votar no Netinho para Senador? Aquele pagodeiro espancador de mulheres? Não acha uma contradição?”.
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Queria dizer que não, não acho uma contradição. Netinho não é um “espancador de mulheres”. Ele cometeu uma agressão e pagou por isso. Ninguém está isento de errar na vida. Desconfio dos arautos da moralidade, dos que se dizem perfeitos e extremamente honestos ou justos. Tenho medo de quem nunca erra.
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O leitor Sinval quer saber se vou votar em Netinho.
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Por quê?, pergunta ele. Inicialmente, pensei em responder: “Porque sim”. Mas, como tenho visto muita gente indignada com a adesão que a candidatura do negão tem recebido, vou tentar justificar meu voto, sendo breve e direto:
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1) Esse papo de que Netinho bateu na ex-mulher e que, por este motivo, não poderia se candidatar, é hipocrisia pura. Num momento de descontrole, no calor da discussão, ele cometeu uma agressão covarde, foi processado, pagou por isso, pediu perdão, foi perdoado e ganhou elogios até da Maria da Penha, a grande feminista brasileira. Muita gente que o critica tem o telhado de vidro. Ninguém está isento de cometer uma agressão e isso não faz de alguém, necessariamente, um criminoso.
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2) Votarei em Netinho porque, num eventual governo Dilma, ele estará do nosso lado. Netinho é do PC do B, partido que está na base aliada do governodesde o primeiro mandato de Lula. Ter muitos aliados no Senado é fundamental. Os senadores criam e alteram leis no âmbito federal. Quanto menos aliados Dilma tiver no Senado, mais dificuldades ela terá para governar. Em São Paulo, só temos dois candidatos governistas ao Senado: Marta Suplicy e Netinho de Paula. É óbvia a razão pela qual votarei em ambos: se voto em Dilma, voto em quem está com ela. Do contrário, eu estaria atrapalhando o futuro governo.
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3) Por fim, posso dizer que também acreditei, um dia, que Netinho pudesse ser um candidato fabricado, um aventureiro, um oportunista. Só que não fiquei no achômetro. Não dei muita atenção para boatos. Fui atrás de informações seguras, consultei fontes confiáveis e gente do partido, li entrevistas concedidas por ele, falei com o próprio candidato e, então, percebi que eu estava sendo preconceituoso. Eu não o conhecia fora do contexto midiático e fazia um julgamento apressado, baseado somente em impressões erradas adquiridas pela televisão. Essa "caixa de fazer doido" é mesmo coisa séria.
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Resumindo: o fato de Netinho ser um “pagodeiro” (como dizem alguns em tom de deboche) não o impede de ser um bom político e de exercer dignamente o seu mandato. Nem o fato de ser preto e da periferia. Esses são detalhes que não fazem dele um homem melhor ou pior, mas acrescentam qualidades simbólicas à sua eleição. Esses oito anos de governo Lula derrubaram muitos mitos. Um deles é o de que pessoas de origem humilde não são capazes de ocupar cargos de protagonismo na política nacional. Conversando com Netinho, percebi que ele está muito mais preparado do que certas raposas velhas que estão no Congresso há décadas.
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Para quem ainda acha que Netinho de Paula (650) não tem condições de ser senador, recomendo vivamente a entrevista abaixo. Nela, o candidato se mostra bem articulado e consciente ao falar sobre suas pretensões políticas, sobre comunismo e sobre o caso da agressão, entre outros temas que rondam as bocas.





[publicado originalmente no blogue A trincheira, mantido por meu fraterno e dileto amigo Bruno Ribeiro, homem honrado, jornalista maiúsculo.]

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