quinta-feira, 29 de maio de 2008

Torturante ironia

Sílvio Caldas e Orestes Barbosa


Que mágoa neste abandono
Que ânsia, perdi o sono
E vim tristonho cantar
Porque a canção mais aflita
É a forma que há mais bonita
Da gente poder chorar

Tu sobes este barranco
Sujando o vestido branco
Pisando as pedras do chão
Mas sem saber na verdade
Que desde lá da cidade
Tu pisas meu coração

Por ser do morro e moreno
É que eu soluço, é que eu peno
Bebendo meu amargor
Por que me negam querida
Esta alegria da vida
De possuir teu amor?

Que torturante ironia
O amor com categoria
Eu amo e não posso amar...
Porque a mulher que eu adoro
Não mora aqui onde eu moro
Deixem-me, então, soluçar


Valsa originalmente gravada
por Sílvio Caldas para a Odeon,
em 15/06/1935

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