quinta-feira, 27 de abril de 2006

Para o Edu, em abril


" 'Entre os atributos mais surpreendentes da alma humana', diz Lotze, 'está, ao lado de tanto egoísmo individual, uma ausência geral de inveja de cada presente com relação ao seu futuro'. Essa reflexão conduz-nos a pensar que nossa imagem da felicidade é totalmente marcada pela época que nos foi atribuída pelo curso da nossa existência. A felicidade capaz de suscitar nossa inveja está quase toda, inteira, no ar que já rspiramos, nos homens com os quais poderíamos ter conversado, nas mulheres que poderíamos ter possuído. Em outras palavras, a imagem da felicidade está indissoluvelmente ligada à da salvação. O mesmo ocorre com a imagem do passado, que a história transforma em coisa sua. O passado traz consigo um índice misterioso, que o impele à redenção. Pois não somos tocados por um sopro do ar que foi respirado antes? Não existem, nas vozes que escutamos, ecos de vozes que emudeceram? Não têm as mulheres que cortejamos irmãs que elas não chegaram a conhecer? Se assim é, existe um encontro secreto, marcado enre as gerações precedentes e a nossa. Alguém na terra está à nossa espera. Nesse caso, como a cada geração, foi-nos concedida uma força messiânica, para a qual o passado dirige um apelo. Esse apelo não pode ser rejeitado impunemente."


(Walter Benjamin)

Um comentário:

  1. Querido, é com essa intenção, imemorial, eu penso, de nunca rejeitar os apelos, que eu vivo há sabe-se lá quantas centenas de anos, imemorial por isso. Obrigado pela homenagem, meu irmão (meu irmão dito com a boca cheia de um orgulho que aumenta a cada dia), e saiba que eu tenho certeza (eu ia dizer "absoluta", mas pareceu-me bobagem diante de tudo isso que li) de que nosso encontro, amalgamado pela Iara, pela Stê, pela Tomtom, pela Rai, Zé, Isaac, Fefê, Fó e mais e mais e mais, é de outra altura. Ou d´outra altura, se preferes e me entendes. Beijo.

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