Meus amigos, a terra em São Paulo vai tremer neste fim de semana.
Acontece nesta sexta, sábado e domingo (17, 18 e 19 de março) o Terruá Pará, grande espetáculo que reunirá no auditório do Parque Ibirabuera uma seleção da pesada de grandes forças expressivas da maravilhosa música popular brasileira que se faz no meu querido estado do Pará. "Terruá" é uma forma acabocada do francês terroir, termo que remete às coisas próprias "da terra", tanto no sentido telúrico, como no de no sentido de autênticas, originais, próprias de um lugar (nesta acepção próximo ao nosso pobre "de raiz").
Nos três dias de evento, mais de 50 músicos paraenses apresentarão um grande show dirigido pelo produtor Carlos Eduardo Miranda, entre os quais mestre Nilson Chaves, a rapaziada batuqueira do Trio Manari, o excelente Arraial do Pavulagem, Toni Soares, Lucinha Bastos, Almirzinho Gabriel, Dona Onete, La Pupuña, Mestres da Guitarrada, Pio Lobato, Tubas da Amazônia, Gabi Amarantos, Dj Iran, Mestre Laurentino, MG Calibre, Boi Veludinho, Metaleiras da Amazônia, e o endiabrado multinstrumentista Pardal. É esperada também a participação especial da estrela maior, Fafá de Belém.
O cenário será todo confeccionado em madeira de miriti, palmeira amazônica a partir da qual se fazem os tradicionalíssimos brinquedos característicos da festa do Círio de Nazaré, e está sendo preparado pela ONG Miritong de Abaetetuba.
Estarão representadas muitas correntes da variadíssima expressão musical do estado do Pará - estado que conta com mais de 40 diferentes ritmos populares tradicionais! – do carimbó ao tecno-brega, do boi-bumbá ao choro, passando pela música tão popular quanto refinadíssima de mestre Nilson Chaves, em minha opinião um dos nomes mais importantes da música brasileira. E olha que ainda vão faltar a voz poderosíssima de Vital Lima, os sambas do David Miguel e do Alfredo Oliveira; vão faltar o Pedrinho Cavallero, o Marco André, o Alcyr Guimarães e o pop do Marco Montheiro; o Paulo André, o Joãozinho Gomes e o Walter Freitas; as vozes de Andréia Pinheiro, Lia Sophia, Albinha, Simone Almeida, Dayse Addário, Jacely Duarte, e Rutinha Neves; os violões do Nego Nelson, do Sebastião Tapajós, do Salomão Habib, do Paulinho Moura; o choro da rapaziada do Bar do Gilson, a flauta do meu amigo Yuri Guedelha. O meu amigo Mapiu, um dos grandes Percussionistas (com "P" maiúsculo" mesmo) que conheci na vida, pode ser que esteja. Mas vão faltar o Gileno Foinquinos, o Adelbert Carneiro e o Floriano; o Olivar Barreto, o Pedrinho Callado, o Eduardo Dias. Vão faltar as canções tão fortes, tão mocorongas da Maria Lídia, os vozeirões do Walter Bandeira e do Alfredo Reis, além do roque do Mosaico de Ravena. Faltarão Mestre Verequete e Mestre Cupijó. É bem posível que estejam lá o Chico Senna, o Edyr Proença e Mestre Lucindo, mas aí a gente não vai conseguir ver, nem firmando muito bem a vista (talvez se distraindo dela...).
Mas de qualquer modo, meus caros, podem apostar: eu vou estar lá! Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça!
Terruá Pará - dias 17, 18 e 19 de março, a partir de 20h30, no auditório do Parque Ibirapuera. Ingressos: R$ 30,00
Amore, são tantos nomes desconhecidos que parece até que vc está falando de músicos de outro país, não?
ResponderExcluirbeijos
De uma certa forma, a Amazônia é mesmo um outro país. Não porque assim a região se pense, como apartada do Brasil, muitíssimo pelo contrário. Mas justamente porque o "Brasil oficial" sempre a encarou como um "outro país", isolado, inóspito, desconhecido. E, muito pior que isso tudo, como bem nos revela o grande jornalista Lúcio Flávio Pinto, estabeleceu com esse "outro país" uma relação de metrópole para colônia, baseada unicamente no interesse pelas riquezas materiais que dali poderiam advir, sem respeitar sua singularidade, sua diversidade, sem interesse em incorporar verdadeiramente aqueles valores, aquele jeito de ser à totalidade nacional.
ResponderExcluirQuerida Roberta.
ResponderExcluirAté quando me vejo desacatado,busco em mim toda a ternura que minha alma possue,para explicar e nunca carregarei magoas de quem diz uma verdade.
Não é o vosso caso,porque não sei se ouve o desdém ou um carinho escondido entre as letras.
Seja o que seja "Nenhuma canção será vã , para anunciar a primavera" e por isto fomos.Até eu que não fui, estava lá de coração e de espírito.Portanto minha flôr o desconecido para você é nossa escencia cultural.
Então finalizando com amor lhe suplico,nos conheça e quem sabe veja algo de doce e poético no canto paraense.
Minha terra meus aderente
tudo aqui é quase parente
Guajará em nossa frente
eu vivi.
me perdoe Dona Europa.
não concebo,outra maloca
Japiim e a passoca,tem aqui.
um beijo e um queijo
Alcyr Guimarães.
Querido poeta Alcyr, respondo pela Roberta, minha amiga-irmã de 20 anos e uma das maiores estudiosas-apaixonadas das coisas da música brasileira que encontrei pela vida: com certeza há muito carinho entre aquelas letras. Mas, como vc anteviu, tão bem escondidinho, como é o jeitinho dela mesmo, que podia dar azo a uma outra interpretação. Posso dizer, sem medo de errar, que a mensagem da Rô só traduz uma ânsia de conhecer mais e incorporar toda a riqueza cujas amostras ela já domina tão bem: Nego Nelson, Nilson, Alfredo Oliveira, Marco André, Vital, Pardal, Maestro Waldemar, a turma toda do choro entre outros. E eu aos poucos vou me encarregando das apresentações.
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