sexta-feira, 11 de abril de 2008
A manhã ulterior
O quê, meu Deus,
para iluminar a manhã cinzenta?
Qual palavra desarmada
acenderia uma lucerna nessa bruma?
Que notícia para deter tanta garoa?
Qual melodia choraria essa desesperança?
Cisma o sol na própria inconveniência
sobre meus olhos que nublam...
O dia amanheceu para dentro
tragada a luz ao buraco negro
de vãos desforços
Inundam-se as ruas de impossibilidades
brotadas do flanco aberto da Adoração
Que recordação
a silenciar este vazio?
Nenhum auspício
derreterá a brasa ensimesmada
Não há choro
que socorra a disforia perene de insuficiências
Rorate, coeli
Que todos os sóis não aquecerão
Que os olhos não descortinarão os véus da ausência
Não é dentro que chove e faz frio:
é longe
[para Betinha]
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Que beleza, meu velho. Que linhas bonitas! Estão à altura da homenageada, ela merece.
ResponderExcluirVocê me fez chorar dentro-longe. Que belo poema!
ResponderExcluirObrigado, Szegeri.
ResponderExcluirÉ difícil falar sobre a ausência, mas você traduziu com perfeição o sentimento.
Estou aqui ha 12 horas e ja perdi a conta de quantas vezes lembrei de pessoas amadas ao olhar, comer ou beber algo. Nem mesmo a distancia impede a constante presenca dos meus amigos e parentes queridos e do Flavio na minha vida. Se nao fosse pela Tata, uma amiga tambem muito amada que esta se desdobrando para me deixar feliz aqui, a esta hora eu ja estaria correndo para o aeroporto...
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