quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

Lapa


Nestes tempos em que a Nação Brasileira clama por luz e verdade sobre as trevas de sua própria vergonha, exigindo a abertura de todos os arquivos sobre as operações "anti-subversivas" do governo militar, há que se lembrar o 16 de dezembro.

Há exatos vinte e oito anos um rio de sangue e opróbrio inundou a Lapa paulistana, onde moro. A ditadura brasileira cometeria sua última grande covardia, emboscando de maneira vergonhosa, na casa da Rua Pio XI, os dirigentes do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, assassinando os camaradas Ângelo Arroyo e Pedro Pomar, sobreviventes da Guerrilha do Araguaia.

A repressão à Guerrilha foi uma das mais sangrentas e implacáveis ações estatais de combate a movimentos de sublevação, talvez somente comparáveis, em termos de rancor e violência, à derrota dos Cabanos no Pará e ao massacre de Canudos. A ação pérfida da Rua Pio XI revelou a obstinação do governo brasileiro em exterminar todos os germes e vestígios da mais significativa ação armada de resistência ao regime instaurado manu militari em 1964.

A verdade sobre o Araguaia não pode mais tardar.

Mesmo que o último guerrilheiro na selva hoje caia
Brotará eternamente do chão do Araguaia
A esperança de um povo a traçar seu destino


Viva a liberdade!
Viva o socialismo!
Vivam Ângelo Arroyo e Pedro Pomar
Heróis do povo brasileiro!


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